Estudo do Itaú Educação e Trabalho e da Fundação Roberto Marinho ouviu mais de 1,6 mil jovens para saber as principais razões para não concluírem os estudos e quais são as motivações para retornarem à escola
O Itaú Educação e Trabalho em conjunto com a Fundação Roberto Marinho, lançam a pesquisa inédita “Juventudes Fora da escola”, fruto de colaboração técnica com o Instituto Datafolha, a Conhecimento Social Estratégia e Gestão e a Rede Conhecimento Social, que apresenta a realidade dos jovens que se encontram fora do ambiente escolar no Brasil. Com mais de 1,6 mil jovens entre 15 e 29 anos ouvidos em todo o país, os resultados revelam uma realidade complexa e desafiadora.
O estudo mostra que 73% dos jovens que estão fora da escola têm intenção de voltar a estudar e concluir a educação básica. Do total de jovens ouvidos, 92% concordam que concluir a educação básica ajudaria a ter melhores oportunidades de trabalho.
Dos jovens que pretendem retomar e concluir o Ensino Médio, entre as motivações para esse retorno, destaca-se o desejo de obter melhores oportunidades profissionais, com 37% buscando um emprego melhor e 15% almejando ingressar no mundo do trabalho.
A pesquisa também aponta que 77% dos jovens que deixaram a escola e pretendem concluir o ensino médio manifestam interesse no ensino técnico, evidenciando a relevância do preparo para o mundo do trabalho na busca pelo retorno à sala de aula.
No entanto, obstáculos como a necessidade de trabalhar e cuidar da família são citados como principais impeditivos para a conclusão da educação básica. A pesquisa mostra que, em média, os jovens interromperam os estudos há seis anos, tornando desafiador o processo de retomada e conclusão desta etapa de ensino.
A Educação de Jovens e Adultos (EJA) e o Exame Nacional para a Certificação de Competências de Jovens e Adultos (Encceja) despontaram como alternativas significativas para 35% e 7% dos jovens entrevistados, respectivamente, na busca pela conclusão dos estudos. A incompatibilidade de horários entre as aulas e o trabalho, juntamente com a obrigatoriedade de aulas presenciais, emergem como obstáculos na jornada para a conclusão da educação básica.
Outro aspecto relevante revelado pela pesquisa são as preferências e necessidades dos jovens em relação à retomada dos estudos. Eles expressam o desejo por opções flexíveis que permitam conciliar estudo e trabalho, além de destacar a importância de apoio financeiro, acesso a creche para filhos e orientação adequada.
Quanto à preferência de horários de aula, a pesquisa revela que 62%, optaria por aulas noturnas, seguido por 24% que prefeririam o período matutino. Entre os entrevistados, 34% dos jovens afirmam não encontrar escolas com vagas disponíveis em horários compatíveis com sua realidade local, destacando um desafio estrutural significativo que precisa ser abordado para garantir o acesso à educação para todos.
Sobre como a escola e o curso poderiam ser mais atraentes para esses jovens que interromperam os estudos, as principais citações foram no sentido de se o curso para concluir os estudos fosse em menos tempo (43%); que o curso prepare para entrar em uma faculdade ou passar em concurso público (35%); e o conteúdo ser voltado para aprender uma profissão (31%).
Diante desses dados, fica evidente a necessidade de uma abordagem abrangente e colaborativa para enfrentar o desafio da evasão escolar, garantindo que os jovens tenham acesso a oportunidades educacionais que os preparem para um futuro promissor. Como ressalta Ana Inoue, superintendente do Itaú Educação e Trabalho: “Os dados revelam a questão do mundo do trabalho como central na decisão desses jovens que estão fora da escola, seja na tomada de decisão para interromper os estudos, seja para retomá-los. Temos o compromisso constitucional de, na escola, formarmos profissionalmente os jovens, para que eles tenham condições de garantir inserção produtiva digna e dar sequência na carreira que desejarem optar. Fortalecer a Educação Profissional e Tecnológica é fundamental nesse sentido, para que os jovens tenham formação adequada e alinhada às tendências do mundo do trabalho, assim como é urgente criarmos condições para que essa parcela da população estude e tenha oportunidades profissionais”, avalia.
O estudo “Juventudes fora da escola” traz dados, ainda, sobre demais motivações para os jovens concluírem os estudos, os desafios de conexão em caso de aulas online e demais políticas públicas intersetoriais para contribuir com o retorno para a sala de aula.