Maria Lisiane, técnica em saúde bucal, foi mãe durante o período escolar e reflete sobre a importância do apoio em momentos cruciais da vida
Maria Lisiane, técnica em saúde bucal em Esperantina, no Piauí, tomou uma decisão difícil há alguns anos: interromper temporariamente seus estudos, na época cursando o ensino técnico integrado ao médio, para cuidar de sua filha recém-nascida. Durante cinco meses, dedicou-se integralmente à maternidade. No entanto, o desejo de concluir o curso e ingressar no mundo do trabalho falou mais alto. Ela voltou à escola e, em seguida, conseguiu uma vaga na sua área de atuação.
Lisiane conta que, no terceiro ano do Ensino Médio e cursando o técnico em saúde bucal, ela encontrou apoio inestimável de seus professores quando soube da gravidez. Eles não apenas lhe deram conselhos práticos, mas também nutriram sua confiança e a incentivaram a não desistir de seus objetivos educacionais. Foi esse apoio que a fez terminar o curso técnico e a se tornar uma profissional da saúde, um exemplo para as novas gerações.
“Os professores sempre acharam maneiras para eu não me sentir desconfortável em relação aos outros e entender que minha gravidez não era um problema, embora engravidar na adolescência não seja fácil. Inclusive, antes de todos da minha sala começarem a estagiar, os professores já me ofereceram uma vaga de estágio para que, quando minha filha nascesse, eu já tivesse a experiência prática do curso e não me prejudicasse durante o período de amamentação”, relata Lisiane.
Como mãe solo, a decisão de retornar aos estudos não foi fácil, especialmente considerando o desejo de passar mais tempo com sua bebê. No entanto, sua determinação em perseguir seus objetivos foi mais forte. De volta à escola, logo conseguiu uma vaga em uma clínica de odontologia, onde se destacou mesmo sendo a única técnica em saúde bucal. Ela se adaptou rapidamente ao ritmo acelerado e se tornou uma figura indispensável na equipe. “Eu consegui me desenvolver bem, fui me lembrando das aulas, da prática no estágio, fui pegando o jeito e estou lá há três anos”, diz.
A história de Maria Lisiane reflete uma realidade compartilhada por muitas jovens mulheres no Brasil, como revelado pela pesquisa “Juventudes Fora da Escola”, do Itaú Educação e Trabalho em parceria com a Fundação Roberto Marinho, realizada pelo Instituto Datafolha, a Conhecimento Social Estratégia e Gestão e a Rede Conhecimento Social. Os dados revelam que, entre aqueles que estão fora da escola, 60% têm filhos e 17% apontam os cuidados com a família como um dos principais motivos para não concluir seus estudos, sendo que oito em cada dez mulheres são mães. Além disso, 72% das mulheres fora da escola são negras, e 21% estão desempregadas.
Ao refletir sobre a Educação Profissional e Tecnológica, Maria Lisiane destaca que o aprendizado prático, além do teórico, as lições que aprendeu para a vida, sobre resiliência e empatia, foram fundamentais. “A educação profissional transformou a minha vida porque é diferente do ensino médio regular, pois oferece uma série de cursos que auxilia o estudante para entrar no mundo do trabalho”, conclui.
(Depoimento dado à equipe do Itaú Educação e Trabalho em agosto de 2022)
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