Diretora vê EPT e estágio como mecanismos para auxiliar a combater a evasão escolar no ensino médio
A Escola Estadual João Magiano Pinto (JOMAP), localizada em Três Lagoas (MS), tem se destacado na articulação da Educação Profissional e Tecnológica com oportunidades de inclusão produtiva. Sob a direção de Lourdes Alves Neres de Souza, a instituição oferece qualificação profissional nas áreas de serviço jurídico e de ciências de dados, preparando os estudantes para o mundo do trabalho de forma integrada ao ensino regular.
Há um ano, a JOMAP atua como entidade qualificadora e certificadora de Aprendizagem Profissional no estado. “Nossos estudantes do ensino médio fazem a carga horária da base e os itinerários formativos, incluindo o de qualificação profissional”, explica a diretora Lourdes. Os estudantes têm aulas com professores especializados em direito e tecnologia, combinando a aprendizagem escolar com a profissional. A possibilidade de atuar como entidade formadora foi um marco importante. Com a certificação, a escola passou a cadastrar e autorizar seus cursos, encaminhando jovens para o mundo do trabalho como aprendizes. “O programa está na fase de contratação e divulgação para as empresas, oferecendo oportunidades de estágios e aprendizagem profissional para os jovens”, acrescenta.
O programa tem tido um impacto positivo na vida dos estudantes. “Eles sabem que para serem encaminhados como Jovens Aprendizes precisam ter um bom rendimento, sem notas vermelhas, atrasos ou faltas”. Segundo a diretora, esse compromisso com a aprendizagem tem levado a uma maior dedicação e empenho dos estudantes. Para ela, ao ingressarem no mundo do trabalho enquanto ainda estão na escola, os estudantes aprendem a gerir seu tempo, a cumprir prazos, além da importância do trabalho em equipe, habilidades que são fundamentais tanto no ambiente escolar quanto no profissional. “É notável o amadurecimento desses jovens, vinculados ao programa de estágio”, comenta a diretora, que ressalta o valor do contato direto com o mundo do trabalho, proporcionando uma visão prática do que os estudantes aprendem em sala de aula.
O programa também combate a evasão escolar, um problema significativo no ensino médio apontado pela pesquisa “Juventudes fora da Escola”, do Itaú Educação e Trabalho em parceria com a Fundação Roberto Marinho, e desenvolvida pelo Instituto Datafolha. Segundo o estudo, 27% dos mais de 1,6 mil jovens que estão fora da escola, na faixa etária de 15 a 29 anos, não concluem o ensino médio pela necessidade de trabalhar (32%) ou por precisar cuidar da família (17%). “Os estudantes do ensino médio, a partir dos 14 anos, já precisam trabalhar e ajudar em casa, muitas vezes deixando a escola para isso”, explica Lourdes. No entanto, com o programa de estágio ou de aprendizagem profissional, os estudantes podem ser inseridos no mundo do trabalho, sem precisar abandonar os estudos.
Na JOMAP, 27 estudantes assinaram contratos como Jovens Aprendizes, sendo 23 em cotas alternativas, que é quando a empresa não comporta a quantidade necessária por lei e podem contratar os jovens e cedê-los para instituições públicas ou sem fins lucrativos. “Nossa primeira contratação foi de uma empresa que optou pela cota alternativa. Hoje, contamos com três estudantes atuando aqui na escola”, relata Lourdes.
A experiência tem sido enriquecedora tanto para os estudantes quanto para a escola. “Eles estão nos auxiliando muito, principalmente a direção e a coordenação”, afirma Lourdes. A integração dos jovens na rotina escolar tem trazido benefícios mútuos. “Hoje eu falo para a minha adjunta, ‘o que a gente fazia sem esses meninos aqui? Como a gente conseguia dar conta?’”, reflete.
Apesar do sucesso, ainda há desafios a serem enfrentados, especialmente no que diz respeito à resistência das empresas em contratar jovens aprendizes. “Precisamos mostrar para as empresas que elas estão colaborando para o desenvolvimento e aprendizagem desses jovens, que estão cheios de energia e vontade, prontos para aprender e também contribuir”, diz Lourdes. Ela ressalta que o programa, no estado, oferece benefícios adicionais, tornando a contratação de jovens aprendizes uma escolha muito mais vantajosa do que pagar a multa prevista em lei.
(Depoimento dado à equipe do Itaú Educação e Trabalho em setembro de 2023)
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