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“É importante perceber o outro na sua singularidade e abraçar as diversidades”

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Inclusão produtiva
Novos retratos da EPT

Renato Silva, intérprete de libras, oportuniza educação inclusiva para jovens PCD

Cerca de 18,6 milhões de brasileiros, com dois anos de idade ou mais, têm algum tipo de deficiência, conforme o módulo “Pessoas com Deficiência”, da PNAD Contínua (Pesquisa Nacional por Amostra de Domicílios), de 2022. A taxa de analfabetismo entre essa população foi de 19,5%, comparada a 4,1% entre pessoas sem deficiência. Apenas 25,6% das pessoas com deficiência concluíram o Ensino Médio e 29,2% estão inseridas no mundo do trabalho. Esses dados evidenciam a urgência de políticas inclusivas que olhem para esse público. 

No caso de pessoas surdas ou com deficiência auditiva, uma das formas de incluir é reconhecer e abraçar suas particularidades linguísticas. No caso de pessoas surdas ou com deficiência auditiva, a língua de sinais tem uma importância fundamental. A Língua Brasileira de Sinais (Libras) foi desenvolvida pelo professor Hernest Huet, em setembro de 1857, ao vivenciar na própria pele a realidade de pessoas com deficiência, mas só em 24 de abril de 2002, ela foi reconhecida como língua oficial no Brasil. 

O IEMA (Instituto de Educação, Ciência e Tecnologia do Maranhão), localizado em Bacabal, no Maranhão, incorporou diversas ações na rotina da escola para promover uma educação equitativa e emancipadora. Uma delas é garantir a presença de um intérprete em todas as aulas com estudantes surdos.  A atuação de Renato Silva vai além da interpretação. Ele é o facilitador que garante a comunicação acessível, fazendo a intermediação entre os estudantes surdos sinalizados, ​​​​​​​​como o caso de Marcos Vinícius e seus colegas de classe, além de professores ouvintes.​​​​​​​​​​ Ao falar sobre Marcos, estudante de 19 anos do curso técnico de serviços jurídicos, o professor o descreve como: “Um menino muito alegre, inteligente e esforçado, cheio de sonhos, buscando uma oportunidade no mundo do trabalho, seguindo com seus estudos”

Marcos tem grandes planos para os próximos anos. “Meu sonho para o futuro é entrar em uma universidade e cursar direito. O IEMA tem me motivado bastante para me perceber dentro desse contexto. Por meio de palestras com figuras representativas, como uma juíza indígena que me inspirou”, expressa o estudante. Esse tipo de representatividade é fundamental para ele, inspirando-o a ver possibilidades concretas para seu futuro. 

Para o estudante, o IEMA é um espaço fundamental, não só para o seu aprendizado como para a construção de relações saudáveis. “O IEMA é um espaço muito significativo para mim. Nunca passei por nenhum episódio de descriminação, muito pelo contrário, minhas interações com meus amigos são extremamente respeitosas”, afirma. Marcos se recorda de sua trajetória antes da chegada do intérprete, Renato Silva. “Antes havia uma limitação, mas o IEMA proporcionou uma comunicação de forma efetiva que facilita as minhas relações”.  

Além disso, Marcos sente uma forte responsabilidade em ajudar seus colegas a entenderem e utilizarem Libras. “Estou sempre tirando dúvidas dos meus amigos. Então eles trazem uma palavra na língua portuguesa e eu transporto para o contexto da língua de sinais”, ilustra o estudante. 

Renato destaca que a língua brasileira de sinais é vital para a inclusão e comunicação no ambiente escolar: “Libras se faz muito presente dentro desse ambiente educacional, para que pessoas com deficiência auditiva possam se sentir acolhidas e percebidas dentro de suas particularidades. Como uma língua, Libras é viva, não fica somente entre o Marcos e os intérpretes, a gente a amplia para que os estudantes ouvintes tenham acesso a ela e haja uma troca”

O IEMA oferece um ambiente tecnológico preparado para desenvolver estudantes com deficiência em áreas que exigem tecnologia avançada. Renato Silva ressalta a importância de perceber o potencial dos estudantes com deficiência e de motivá-los continuamente: “Nós somos responsáveis por potencializar a caminhada e a trajetória deles. Potencial eles têm, estamos aqui para que eles não deixem de sonhar diariamente”.   

É importante destacar que a Lei Brasileira de Inclusão (LBI) prevê o uso de tecnologias assistivas como um direito, garantindo a acessibilidade em eventos, sites e serviços para pessoas surdas ou com deficiência auditiva. Estas tecnologias incluem aplicativos de interpretação de língua de sinais, dispositivos de comunicação visual como videofones, tablets e recursos de acessibilidade digital como legendas em vídeos, transcrições de áudios e interfaces adaptadas. Essas ferramentas desempenham um papel crucial em superar barreiras de comunicação e permitir que pessoas surdas ou com deficiência auditiva participem plenamente da sociedade, acessando informações de maneira inclusiva e eficaz. 

Apesar dos mecanismos de inclusão previstos pela LBI, ainda há desafios a serem enfrentados, especialmente no que diz respeito à disseminação da Língua Brasileira de Sinais e a resistência das empresas em contratar pessoas com deficiência. “É muito importante perceber o outro dentro da sua singularidade e abraçar a diversidade, recebendo o estudante PCD”, diz o professor e intérprete de libras, que continua: “Inclusão não é somente acolhê-los dentro da sala, precisamos incluí-los na sociedade”. Renato Silva, ainda reconhece a importância de incluir a língua de sinais no cotidiano brasileiro e ressalta: “Os estudantes com deficiência mostram um grande potencial, sonham com o mundo do trabalho e estão cada vez mais capacitados para ele”

(Depoimento dado à equipe do Itaú Educação e Trabalho em setembro de 2023) 

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