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Aprendizagem profissional abre portas para a trajetória das juventudes no mundo do trabalho

Capacitação

Em 24 de abril celebra-se o Dia Internacional do Jovem Trabalhador; a data ressalta a importância da inserção profissional digna dos jovens

Em 24 de abril, comemora-se o Dia Internacional do Jovem Trabalhador. A data foi instituída por iniciativa da Organização Internacional do Trabalho (OIT) para ressaltar a importância da inserção das juventudes no mundo do trabalho, com uma oferta de oportunidades de qualidade e alinhada com os desejos e às expectativas dos jovens.

No Brasil, um instrumento voltado para a qualificação profissional, que produz impactos positivos para a formação e conclusão da educação básica, é a Lei da Aprendizagem, que determina uma cota de contratação de jovens por empresas de médio e grande porte para funções que demandam formação profissional. Direcionada à população entre 14 e 24 anos, a iniciativa pode contribuir para a trajetória escolar e reduzir a evasão por alguns mecanismos: condiciona a continuidade do contrato do aprendiz com a empresa à permanência e à frequência na escola, caso ele não tenha concluído a educação básica; exige que ele esteja matriculado em uma formação técnico-profissional, vinculado à uma entidade formadora; por incluir remuneração, é uma forma de apoio financeiro ao jovem que prossegue os estudos no ensino médio, caso não tenha concluído. 

A evasão escolar é um problema significativo no ensino médio, conforme apontou a pesquisa “Juventudes fora da Escola”, do Itaú Educação e Trabalho em parceria com a Fundação Roberto Marinho, desenvolvida pelo Instituto Datafolha. Segundo o estudo, dos mais de 1,6 mil jovens que estão fora da escola, na faixa etária de 15 a 29 anos, 32% não concluem o ensino médio pela necessidade de trabalhar e 17% por precisar cuidar da família. No entanto, entre as principais razões para terminar o ensino médio os jovens apontam a perspectiva de melhora da condição profissional, seja para ter um emprego melhor (37%) ou arrumar um emprego (15%). Os dados apresentados reforçam que o programa de Aprendizagem Profissional se torna uma opção para que os estudantes possam ser inseridos no mundo do trabalho, sem precisar abandonar os estudos, e com direitos garantidos.

No entanto, a pesquisa também destaca que apenas 48% do potencial de 962.401 vagas disponíveis de aprendizagem havia sido preenchido até 2022, o que sinaliza a necessidade de conscientizar as empresas para que a legislação seja de fato cumprida.

Articulação da EPT com o mundo do trabalho

A Escola Estadual João Magiano Pinto (JOMAP), localizada em Três Lagoas (MS), tem se destacado na articulação da Educação Profissional e Tecnológica (EPT) com oportunidades de inclusão produtiva. Sob a direção de Lourdes Alves Neres de Souza, a instituição oferece qualificação profissional em serviço jurídico e em ciências de dados, preparando os estudantes para o mundo do trabalho de forma integrada ao ensino regular.  Desde 2023, a JOMAP atua como entidade formadora de Aprendizagem Profissional no estado.

Os estudantes têm aulas com professores especializados em direito e tecnologia, combinando a aprendizagem escolar com a profissional. A possibilidade de atuar como entidade formadora foi um marco importante. Com a certificação, a escola passou a cadastrar e autorizar seus cursos, encaminhando jovens para o mundo do trabalho como aprendizes e impactando positivamente suas vidas. “Eles sabem que para serem encaminhados como Jovens Aprendizes precisam ter um bom rendimento, sem notas vermelhas, atrasos ou faltas”.  Segundo a diretora, esse compromisso tem levado a uma maior dedicação e empenho dos jovens. Para ela, ao ingressarem no mundo do trabalho enquanto ainda estão na escola, os estudantes aprendem a gerir seu tempo, a cumprir prazos, além da importância do trabalho em equipe, habilidades fundamentais no ambiente escolar e profissional. “É notável o amadurecimento desses jovens, vinculados ao programa de estágio”, comenta a diretora. 

Entre os estudantes, as expectativas do programa estão sendo superadas. “No começo, eu achei que a rotina seria mais complicada, mas não, pelo contrário, está me ajudando bastante. Cada segundo que eu passo aqui é um conhecimento diferente. Temos aulas com professores da área de direito, experiências práticas, como assistir um júri, o que já nos coloca próximos ao que vamos enfrentar no mundo do trabalho”, comenta Ana Laura da Fonseca, Jovem Aprendiz e estudante do curso técnico em Serviços Jurídicos. Sua colega Larissa Santos Medina, também Jovem Aprendiz, reforça o discurso. “Ser Jovem Aprendiz me ajuda a ter foco tanto aqui na empresa como na escola. Comecei a ter mais responsabilidades nos dois períodos”, diz.

Novas oportunidades para um novo futuro

Também residente de Três Lagoas, no Mato Grosso do Sul, Luis Henrique é um jovem que está moldando seu futuro com base em oportunidades únicas e em sua própria determinação e resiliência. Estudante do curso técnico de gestão e negócios, o programa de aprendizagem, segundo ele, tem mudado sua vida. 

Mesmo tendo enfrentado desafios pessoais, como a chegada de sua filha e a necessidade de cuidar da família, o jovem seguiu dedicado na conquista de seus sonhos e manteve seus estudos na Escola Estadual Dom Alquino Correa, o que o levou para o programa Jovem Aprendiz. “Ele me ajuda a não parar de estudar. São quatro horas de expediente por dia, então eu posso trabalhar à tarde, fazer o que preciso em casa e à noite eu estudo”.

Ao ingressar na coordenadoria regional pela cota alternativa de sua empresa, Luis encontrou um ambiente onde seu trabalho é valorizado e onde pode desenvolver suas habilidades de forma significativa, proporcionando-lhe uma renda e uma base sólida para seu crescimento profissional e pessoal. A vivência de Luis como aprendiz tem ampliado a visão de suas próprias capacidades e potencialidades. “Cada dia é uma oportunidade para aprender algo novo e crescer como pessoa e profissional. Trabalhar como jovem aprendiz é muito bom porque aprendemos coisas que vamos levar pela vida toda”, compartilha Luis. 

Os sonhos e objetivos para o futuro permanecem firmes. “Meus planos incluem ingressar na faculdade de Engenharia Civil e seguir uma carreira que me permita fazer a diferença na comunidade. Ser um jovem aprendiz pode abrir portas e oferecer um caminho para um futuro promissor”, conclui o jovem.