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​​​​​Pesquisa mostra que 35% dos jovens procuraram concluir os estudos em Educação de Jovens e Adultos (EJA), mas modalidade teve queda de matrículas

EJATEC
EJA
Formação profissional
EPT

IET apoia estados, como Maranhão e Piauí, a desenvolverem políticas de Ejatec, que integra a EJA com a formação técnica

São muitas as questões que levam os jovens a abandonarem a sala de aula, sendo a necessidade laboral a principal delas. No entanto, a grande maioria que está fora da escola enxerga a sua importância para conseguir traçar uma carreira profissional de mais sucesso no futuro. Neste dilema entre trabalho e educação, muitos jovens procuram a Educação de Jovens e Adultos (EJA) como alternativa para retornar aos bancos escolares e à busca por um futuro melhor. Embora a modalidade esteja em constante diminuição no número de matrículas, 35% dos jovens procuraram concluir os estudos em uma turma de EJA e 7% fizeram o Encceja (Exame Nacional para a Certificação de Competências de Jovens e Adultos), aplicado pelo Instituto Nacional de Estudos e Pesquisas Educacionais Anísio Teixeira (Inep), para tentar o diploma de alguma das etapas educacionais. Além disso, seis em cada dez jovens fora da escola voltariam a estudar se tivessem ensino noturno.  

Esses dados são da pesquisa “Juventudes fora da escola”, fruto da colaboração técnica do Instituto Datafolha, com a Conhecimento Social Estratégia e Gestão e a Rede Conhecimento Social, a pedido do Itaú Educação e Trabalho e da Fundação Roberto Marinho, divulgada em março de 2024, que apresenta um panorama sobre os jovens fora da escola e os motivos que os levaram a abandonarem os estudos. 

A pesquisa ainda mostra que a maioria dos jovens querem concluir a educação básica, mirando um futuro melhor, e 77% dos que estão fora da escola manifestam interesse no ensino técnico, evidenciando a relevância do preparo para o mundo do trabalho na busca pelo retorno à sala de aula. O Censo Escolar, divulgado em fevereiro, pelo Ministério da Educação (MEC) e pelo Inep, mostrou que a Educação Profissional e Tecnológica (EPT) foi a modalidade da educação básica que registrou o maior crescimento no número de matrículas em 2023: de 2,1 milhões de estudantes em 2022 para 2,4 milhões em 2023, aumento de 12,1%. 

Por outro lado, a oferta de turmas da EJA, nas redes públicas do país, que funcionam majoritariamente no período noturno, apontaram queda. O Censo mostrou que, desde 2018, as matrículas na EJA caíram 27% no país, com a perda de quase um milhão de alunos. Essa etapa atendia 3,5 milhões de estudantes e passou a ter apenas 2,5 milhões, em 2023. De 2022 para 2023, a queda no número de adultos matriculados caiu 7%.  

O ministro da Educação, Camilo Santana, demonstrou, no momento da divulgação dos dados, preocupação com a queda de matrículas na EJA, uma vez que o Brasil tem mais de 68 milhões de pessoas com mais de 18 anos sem frequentar a escola e sem ter concluído a educação básica. 

Diante desses dados, fica evidente a necessidade de uma abordagem abrangente e colaborativa para enfrentar o desafio da evasão escolar e oferecer formação e condições para que essa parcela da população consiga estudar e tenha oportunidades profissionais. 

Ejatec no Piauí e no Maranhão  

O Itaú Educação e Trabalho tem apoiado alguns estados brasileiros no fomento de políticas de Ejatec, que integra a Educação de Jovens e Adultos (EJA) com a formação técnica. No estado do Maranhão, que apresenta grande expansão dessa modalidade, foi formado um grupo de multiplicadores para garantir a formação de novas escolas pela equipe da secretaria da educação. Além disso, o grupo organizou uma publicação sobre o Projeto Integrador, uma das metodologias do programa de Ejatec do estado. Trata-se de uma abordagem inovadora para a EJA integrada à EPT, que demonstra como a metodologia de aprendizagem por projetos pode ser aplicada de forma eficaz, em uma estrutura curricular com integração e articulação da formação geral básica ao itinerário técnico e profissional. O material inclui um roteiro com itens que devem compor um projeto integrador, além de instruções para seu planejamento e sua execução no ambiente escolar. 

​​​​​​​Um exemplo no Maranhão é o estudante da escola Liceu Maranhense, Zedequias Lima, que encontrou na Ejatec a oportunidade de concluir o ensino médio e garantir uma profissão. Ele precisou se afastar da escola durante um período para cuidar mãe, com problemas de saúde, mas retomou os estudos na Ejatec, agregando o ensino médio ao técnico na área de gastronomia. “A EJATEC foi a ponte que me conduziu de volta aos estudos e abriu portas para um futuro que eu jamais imaginaria. A Educação Profissional e Tecnológica não apenas me capacitou, mas também me inspirou a voar mais alto, alcançando meus sonhos na área que amo”. 

O Piauí é outro estado avançado nesta modalidade. A oferta de matrículas em Ejatec aumentou 38% de 2023 para 2024, passando de 5.999 para 8.258. Desde 2022, o IET apoia o Piauí com a formação de professores e, em 2024, iniciou o projeto Multiplicação da Formação para novas escolas, que envolve também a revisão de documentos curriculares, planejamento e expansão da oferta. Ainda este ano será implementado o Programa de Aprendizagem na Ejatec.  

Estados como Sergipe, Rio Grande do Norte e Rio Grande do Sul também recebem apoio do IET, em estágios iniciais da oferta de Ejatec, ampliando as oportunidades de formação profissional para jovens e adultos que retomaram os estudos.